Patrimônio histórico da cidade de Central do Maranhão
Patrimônio histórico da cidade de Central do Maranhão
Aricelia Cantanhede Sales[1]
Josivaldo Flor Costa Barbosa[2]
Central do Maranhão é um município do Estado do Maranhão localizado na Região do Litoral Ocidental Maranhense, com aproximadamente 8.534 habitantes de acordo dados do último CENSO do IBGE.
A história do município se confunde com a história da produção de açúcar no Brasil Império, sendo em um dado período, o segundo maior produtor de açúcar do Maranhão, alimentando por muito tempo a exportação de açúcar para outros estados da federação. Desta forma, hoje existe o município de Central do Maranhão que desenvolveu-se a partir do seu maior patrimônio, a Usina Joaquim Antônio, datado do século XIX[3].
Dados apontados por Santos mostram que a economia do Açúcar no Maranhão revelou-se uma estratégia escolhida para auxiliar na colonização das novas terras maranhenses depois da expulsão dos holandeses, ainda no século XVII. Aponta ainda que na segunda metade do século XIX, o governo provincial concedeu incentivos para a modernização de antigos engenhos, que pudessem produzir açúcar de melhor qualidade e em condições de competir no mercado nacional, tudo isso fez parte de uma estratégia de industrialização da então província. Neste contexto, surgiram os Engenhos Centrais, com a finalidade de concentrar a produção, modernizarem as máquinas, transformar as operações de hidráulica, a operação a vapor e finalmente preparar o setor para enfrentar o mercado competitivo. Como fruto dessa política industrial surgiu a Usina Joaquim Antônio, que teve forte participação na economia açucareira do Estado do Maranhão, estando atrás apenas do Engenho Central de São Pedro localizado no Vale do Pindaré.
Segundo Santos, a Usina Joaquim Antônio foi fundada pelo Senhor Joaquim Antônio Viana, também chamado Capitão Joaquim Antônio. Membro de uma família abastarda, que teria ido durante períodos do auge da produção do algodão e açúcar, estudar Engenharia Hidráulica na Holanda visando já investimentos futuros. De volta ao Brasil instalou sua usina nas redondezas de Guimarães, na fazenda Pindaíba, onde hoje se situa a sede do município de Central do Maranhão, fabricando o açúcar a vácuo e a sua fundação data de 1860. Assim como todos os outros engenhos do mesmo período, a mão-de-obra empregada era a escrava. Em 1861 já aparece como um dos engenhos de açúcar movido por água. Em 1892 essa usina foi transformada em Engenho Central.
O açúcar produzido neste engenho era identificado como “Açúcar Joaquim Antônio”. O açúcar era transportado por via marítima para São Luís e para outros Estados. O transporte era feito pelo Rio Bandeira até alcançar a Baia de Cumã, e de lá seguia para São Luís, Pará e Parnaíba, através dos barcos “Natividade” e “Oliveira Folha”[4].
O maquinário do engenho era movido por meio de um complexo hidráulico, que alimentava a força d’agua para a produção. O complexo compreendia um canal de aproximadamente 6 km, construído com sistemas de armazenamento de água nas várzeas para irrigação das plantações de açúcar. Ainda nos dias de hoje é possível se observar vestígios dos trechos do canal. E posteriormente o engenho passou a operar a vapor.
Santos afirma que logo após a abolição da escravatura, consta o início da centenária Feira Tradicional de Central do Maranhão, ainda realizada no mesmo lugar (nas proximidades das ruínas do antigo engenho), aos Domingos. A movimentação da Feira foi possível devido ao pagamento dos operários feito a cada semana de trabalho. Sendo, portanto, uma das primeiras referências históricas do trabalho livre e assalariado na região.
Datam ainda do mesmo período de criação da Usina, a construção da Igreja Matriz da cidade, dedicada à Nossa Senhora da Conceição e a estrutura da Chaminé da Usina. Outras construções também fazem parte do conjunto arquitetônico antigo da cidade, tais como: a Casa da Gerência, a residência administrativa dos Senhores durante o funcionamento do engenho e a estrutura da Quitanda Grande que não existe mais.
A Chaminé da Usina Joaquim Antônio Viana clama por socorro
Dos pontos destacados, que contam a história da Usina Joaquim Antônio Viana em Central do Maranhão, o mais crítico é o estado em que se encontra a Chaminé da Usina, localizada ao lado das ruínas do que foi o galpão de produção e maquinário.
A Chaminé do engenho, chamada popularmente de bueiro, possui mais de 25 metros de altura e foi construída em pedra, vem passando por períodos de descaso. Os cuidados oferecidos a esta estrutura e às ruínas das colunas do galpão resumem-se em limpezas esporádicas da vegetação no entorno. O mais agravante, é o aparecimento de imensas rachaduras que traduzem o perigo constante de perda e a ocupação desornada nos entornos do grande tesouro arquitetônico da Cidade.
[1] Estudante do curso de Bacharel em Turismo/UFMA, Graduada em Artes/UFMA, arte-educadora da rede municipal de ensino, Técnico em guia de Turismo e Vice- presidente da Associação de Cultura Popular e Recreação de Central do Maranhão- MA e Liderança Regional Litoral Ocidental Maranhense.
[2] Graduado em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia Institucional e pós graduando em Educação Especial: Deficiência intelectual pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci.
[3]SANTOS, Agnaldo Reis dos. A história da Usina Joaquim Antônio. A mão-de-obra empregada, sucessão administrativa e sua contribuição para a formação do município de Central do Maranhão. São Luís: UEMA, 2006 (Obra de referência básica sobre a estruturação e história da Usina Joaquim Antônio Viana.
[4] Dados históricos obtidos por meio de consulta na obra: SANTOS, Agnaldo Reis dos. A história da Usina Joaquim Antônio. A mão-de-obra empregada, sucessão administrativa e sua contribuição para a formação do município de Central do Maranhão. São Luís: UEMA, 2006. Disponível em <http://www.outrostempos.uema.br/curso/especializacaopdf/agnaldo.pdf> Acesso em 19 de Agosto de 2016.
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